domingo, 24 de janeiro de 2010

QUARTETO FORA DA LEI


Quatro amigos de infância
Combinaram se encontrar
Pra dividir os segredos
Que não dá pra segurar
Esse encontro é imperdível
Quatro figuras sem nível
Vai ser de arrepiar!
II
O encontro aconteceu
No Sítio do Zé Pinguela
Chico Bufa chegou cedo
Junto com Mané Ruela
Boca Pôde atrasado,
Ficou preso na cancela
III
Zé Pinguela foi dizendo
Que bom que vocês vieram
Contem tudo com detalhes
As maldades que fizeram
Nós vamos comendo o bode
Que roubei no cemitério
IV
Chico Bufa perguntou
Pela sua namorada
Zé Pinguela disse logo
Mora comigo a lesada
Chorava com dor de dente
Arranquei na enxadada
V
Boca Pôde não conteve
Sua bela gargalhada
Só tinha mais os caninos
Pra doer de madrugada
Zé Pinguela de marido
Coitada da desgraçada
VI
Mane Ruela falou
Silêncio que vou contar
O caso se deu comigo
Nem gosto de me lembrar
Levei chifre do cumpade
Enquanto fui viajar
VII
Chico Bufa só calado
Difícil de revelar
Certa noite lua cheia
Rio fundo foi pescar
A piranha matou fome
Logo naquele lugar
VIII
Enquanto contava casos
O quarteto mastigava
O bode foi consumido
Era osso que voava
A mulher lá na cozinha
Outro bode preparava
IX
Vai comer lá no inferno
Resmunga dona Mundiça
Pinguelinho reclamava
Perdi a hora da missa
Temos que encher o bucho
Desse monte de carniça
X
Bode regado a cachaça
Provavelmente roubada
Boca Pôde reconhece
A firma foi arrombada
Sumiu um carregamento
Segunda de madrugada
XI
O dia já clareando
Todos já embriagados
Boca Pôde sugeriu
Cada um conta um pecado
Zé Pinguela disse logo
O sítio não foi comprado
XII
O sítio era de Quitéria
Viúva bem apanhada
Trabalhei como vaqueiro
Durante uma temporada
Se escavar o quintal
Vai encontrar a ossada
XIII
Vigia de cemitério
Chico Bufa faz agouro
Defunto rico velado
Com boca cheia de ouro
Ajuda botar na cova
Espera acabar o choro
XIV
Ajudante do vigário
Ruela como é chamado
Passa a sacola na missa
Faz seu voluntariado
Metade vai pra igreja
Metade vira pecado
XV
Boca Pôde em soluços
Da surpresa revelada
Contou do seu parentesco
Com a viúva assassinada
Quitéria da boca pôde
Noutra família criada
XVI
Sol raiado noite some
Roupa suja foi lavada
Fizeram pacto cerrado
Morrer de boca fechada
Quem quebrar o juramento
Não atravessa a calçada
XVII
Pinguela recebe carta
Boca Pôde é o autor
Querendo parte do sítio
Que sua irmã lhe deixou
Pense bem caro Pinguela
Quitéria você matou
XVIII
Pinguela logo recebe
Um fiscal da Prefeitura
Cobrando imposto atrasado
Exigindo a escritura
Aqueles três desgraçados
Vão parar na sepultura
IX
No outro dia bem cedo
Pinguela foi à capela
Contou tudo pro vigário
Dos pecados de Ruela
Que rezou quarenta dias
Pra pagar sua mazela
XX
No portão do cemitério
Um cartaz assim dizia
Cuidado com seu defunto
Não confie no vigia
Ele rouba até as calças
Não deixa raiar o dia
XXI
Sabe-se que Boca Pôde
Teve tempo abreviado
Bufa morreu de tocaia
Pinguela morreu queimado
Sem as mãos de pegar dízimo
Ruela foi enterrado
XXII
Que triste sina tiveram
Destino amaldiçoado
Melhor seria que nunca
Tivessem se encontrado
Promessa de Pinguelinha
Seu pai seria vingado!!!!

2 comentários: