sábado, 23 de janeiro de 2010
MEDO DA NOITE
A noite é misteriosa
Povoada de segredos
No meu tempo de criança
Procurava dormir cedo
Par não ouvir as historias
Que sempre metiam medo
Geralmente tinha alma
Saindo do arvoredo
II
Agora namoro a noite
O medo ficou pra trás
A noite é minha aliada
Me restaura e tudo mais
Se o dia um dia sabe
O bem que a noite faz
Perde a hora todo dia
Vira ébrio contumaz
III
A noite me lambe os olhos
Me tira coisas da mente
Salpicadas pelo dia
Nos olhos de tanta gente
Na hora do seu hiato
É voluntária silente
Nas calçadas nos albergues
No sono dos indigentes
IV
Noite que me aconchega
Me afaga me aquece
Anoitece, escurece
Me conforta me adormece
Me dorme me conta sonhos
Me domina me entorpece
Passa a noite de vigília
Só dorme quando amanhece
V
Dizem que dia e noite
Tinham encontro marcado
O dia passou na tarde
Chegou um pouco atrasado
A noite que dorme cedo
Já tinha se levantado
Efeito do desencontro,
Noite e dia separados
VI
A noite ficou sentida
Não esquece até agora
O dia se aproxima
A noite vai logo embora
Sei que aos olhos do dia
A noite não se demora
Só se for de manhãzinha
No troca-troca da hora
VII
Noite amiga e companheira
Que esconde os namorados
Não esqueço aquela noite
Aquele beijo gelado
Ela lenço na cabeça
Eu chapéu todo molhado
Troquei a flor do desejo
Pelo medo do passado!!!
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