quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O MEU CAVALO


O meu cavalo era o mais veloz!
De orelhas bem perfiladas
Olhos vermelhos amendoados
Cauda bem aparada
Corpo fino e esguio
Temperamento dócil
Obediente ao toque do cabresto
Me orgulhava do meu cavalo!
Saltava poças d’água imensas
Jogava lama nos meninos
Não se abalava com espinhos
Dava até medo às vezes
De tanta velocidade
Se ele tropeçasse então
Me quebrava todos os dentes
Ou coisa pior, as costelas
Ninguém alcançava meu cavalo!
Deixava pra trás até meu pai
No caminho do roçado
Ele, com a calma de sempre
Não se incomodava com a poeira
Deixada pelo meu cavalo
Quando chegávamos em casa
Exaustos e suados da lida
Hora de lhe dar água e comida
Me cortava o coração
Ter que pendurá-lo
Pois, meu valente cavalo,
Era uma cabeça de talo,
Com olhos de jeriquití!!!!!

MEU AMIGO CAJUEIRO


Cajueiro generoso
De fruto maravilhoso
Teu suco dá cajuína
Que é bebida divina

Tua castanha torrada
No mundo é apreciada
Teus galhos abrigam ninhos
Morada de passarinhos

Tua sombra encorpada
Encontro da namorada
Cajueiro ainda em flor
Ouviu lamentos de dor

Soube tantos juramentos
Promessas de casamento
Desenhos de coração
Canivete e emoção

Gerações se vão passando
Cajueiro acalentando
Quando envelhece, coitado
Tem o corpo degolado

Aí a tua madeira
Vira lenha de fogueira
Ou pode virar rebolo
Na queimada de tijolo

Serve de cerca pra bicho
Tua folha vira lixo
Cajueiro se soubesses
Quantos beijos tu mereces!

Lembro tempo de menino
Trepava devagarzinho
Na ponta do galho fino
Pra beber ovos do ninho

Já prevejo teu destino
As folhas estão caindo
Tua casca já se nota
Idade muito remota

Não quero ver essa cena
Teu corpo virando lenha
Cajueiro te abraço
Com o coração em pedaços

Bendito seja teu fruto
Me deixa agora de luto
Velho amigo cajueiro
Estou aqui de joelhos

Um abraço de clemência
Na tua circunferência
Agora tenho que ir
Nas entranhas há de sentir
Essa humilde reverência!!!