sábado, 30 de janeiro de 2010

MULHER SEM ROSTO


Eu vi uma mulher sem rosto
Me deu vontade, me deu desgosto
Não pude ver a mulher de dentro
Por fora, um manto de convento
Era uma enclausurada a caminhar!
II
Seus olhos proibidos de se ver
De certo não evitam seu querer
Devia sentir muita falta do vento
Pelo seu vulto em movimento
Era uma penitente a caminhar!
III
Parecia ventilar os seus segredos
Timidamente escorrendo pelos dedos
Quem sabe liberta dos conselhos
Sem tarefas de agulhas e novelos
Era uma subjugada a caminhar!
IV
A mulher tinha a boca amordaçada
No entanto parecia conformada
Poderia ser mulher de um harém
Ou odalisca desgarrada sem ninguém
Era uma escravizada a caminhar!
V
Eu vi a mulher abafada e contida
Debaixo daquela roupa, sua vida
Acho até que não tinha identidade
Pois não tinha cara nem vaidade
Era uma amputada a caminhar!
VI
Seu mundo limitado à sua fresta
Fora obediência pouca coisa resta
Nem imagino o mundo do seu jeito
Confesso fiquei de coração estreito
Era um espantalho a caminhar!!!

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