quarta-feira, 16 de junho de 2010

O PERFUME


Queria ter, a força do perfume
Que indelével, atravessa o tempo
Não pra ser sentido a todo momento
Mas retrato antigo, de causar ciúme
II
Cheiro que me traga me sopra no vento
Me volta no tempo me faz um desejo
Troca seu perfume por aquele beijo
Que já fez morada no meu pensamento
III
Leva meus queixumes, minh’alma sentida
Meu tempo vivido na indiferença
Sopra de poeira solidão imensa
Cobre de aroma todas as feridas
IV
Marcas tatuadas me sobram do peito
Já se fez rosário tanta cicatriz
Retratos guardados, um bem de raiz
Bem que não se quis, carinho desfeito
V
Se me pego em sonhos, recordo sentido
Amores rompidos pela vida afora
Vento que não sabe, não me leve embora
O perfume guardado do amor vivido!!!

terça-feira, 1 de junho de 2010

GIGANTE FERIDO


A saudade me invade
Me entorpece o coração
Pedaço da minha infância
Me escorre pela mão
Na haste do galamar
O barulho do carvão
Os meninos a rodar
Até se embriagar
Espatifados no chão
II
Com ingresso de castanha
Você podia rodar
Caçula da Dona Rosa
Era dono do lugar
Quem passava para a missa
Na volta passava lá
Na minha doce lembrança
Do meu tempo de criança
O tempo não vai passar
III
Um transeunte vadio
Botou fogo no seu leito
Se lhe soubesse a história
Lhe cobria de respeito
Ver seu tronco derretido
Derrete também meu peito
Me causa muito sofrer
Olhar pro rio e ver
Seu tronco daquele jeito
IV
Acaso o amigo rio
Estivesse de enchente
Não lhe teria deixado
Perecer no fogo ardente
Lhe sobrou o esqueleto
Um buraco de serpente
Um farrapo em frangalhos
Com meia dúzia de galhos
A judiar minha mente
V
Não existe Casa Velha
Sem o vento sem o rio
Sem a figura frondosa
Hoje um toco vazio
A mesma dor que sentiste
Meu peito também sentiu
O vento quando passar
Há de soprar devagar
Pra não morreres de frio
VI
Meu velho gurgurizeiro
Como dói lhe ver assim
O seu corpo retalhado
Torna retalhos em mim
Quando passo de visita
Sinto uma coisa ruim
Relembro o que foi outrora
Me bate no peito agora
Uma saudade sem fim!!!