sábado, 5 de fevereiro de 2011

MULHER CALORENTA / MARIDO DISTRAÍDO


A mulher quando tem a natureza
Sapecada de negros pensamentos
O marido se ausenta um momento
Bota logo seus peitos na janela
A comida queimando na panela
E o sentido voando nas alturas
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
II
Ela tem o poder da sedução
Seu olhar tem o gume da gillette
Todo homem por ela se derrete
Quando vê seu decote de perfume
Sua saia costurada com ciúme
Deixa ver o que tem de formosura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
III
O seu corpo da choque de tomada
É fogueira que nunca se apaga
Pra marido distraído é uma praga
Se alguém lhe visita o pensamento
Ela dá um vintém no casamento
E ele ta com água na cintura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
IV
Ela anda com o fogo do salgado
Não tem homem no mundo que apague
É pior do que esporão de bagre
Quando ferra na mão do pescador
Seu desejo ta sempre com calor
Sua alma ta sempre na procura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
V
A mulher tem o tino da serpente
Dá o bote na presa quando quer
Não importa se é homem ou mulher
Hoje a coisa anda muito bagunçada
A colega agora é namorada
A discriminação não se atura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
VI
Porém se ela for muito bonita
É aí que aumenta seu perigo
Sai pra rua mostrando o umbigo
E você satisfaz os seus caprichos
Quando volta é puro carrapicho
Seu caderno ta cheio de rasura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
VII
Pobre dele que planta seu roçado
Pra trazer alimento para casa
A mulher por aí criando asa
O marido se queimando na urtiga
Se depois aparece de barriga
É a camisinha dele que se fura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
VIII
Diz o povo do tal pé de mulambo
Entra e sai quando quer, não é notado
Se você ainda tem sono pesado
Ele vai acabar na camarinha
E a moça sabendo que ele vinha
Se derrama no rio da ternura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
IX
Se você viajar por muito tempo
Diga sempre que volta sem demora
Não convém chegar fora de hora
Periga encontrar um boi na linha
Alvoroce o chiqueiro das galinhas
Ainda que a casa esteja escura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
X
Quando ele tira folga do trabalho
Para dar um suador na calorenta
Passa o dia amolando a ferramenta
Na certeza que vai fazer bonito
Para ela é mordida de mosquito
Ela sofre de mal que não tem cura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XI
Papelzinho dobrado entre os seios
Deu pra ver quando ela se abaixou
A resposta que deu pro seu amor
Era a nota da compra do fiado
É um caso perdido pro coitado
Que ainda acredita em sua jura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XII
Um aviso pra ele do correio
Pra buscar encomenda no seu nome
Era só armação do Zé com Fome
Pra ficar com a moça sossegado
E o carteiro que tava combinado
Diz que fez confusão na escritura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XIII
Quando chega na hora da novela
A tv da vizinha é melhor
Quantas vezes você já ficou só
E acordou com a moça já deitada
Nem sabe que já é de madrugada
Mas garante que ela é uma pura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XIV
Ela chega sorrindo disfarçando
Meio assim sem querer se aproximar
Bota logo o vestido pra lavar
Com certeza chegou com outro cheiro
Ela tem na verdade o pé ligeiro
Seu tinteiro voltou com rachadura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XV
Ela sai bem cedinho todo dia
Diz que vai fazer compra no mercado
No bilhete já tava combinado
Pra subir na carona do rapaz
Só eu sei do que ela é capaz
Sua compra será uma aventura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XVI
Aparece com um monte de presente
Diz que foi sorteada na quermesse
Se deita do seu lado e adormece
Resmungando palavras diferentes
Você acha que ela nunca mente
Que a moça é um anjo de candura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XVII9
Se lhe ver qualquer dia suspirando
Com certeza não suspira por você
É formiga querendo se perder
No primeiro chuvisco cria asa
É sinal que caiu a sua casa
Inútil se queixar na Prefeitura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XVIII
Se alguém lhe chamar de autarquia
E você não souber onde é a festa
Se nascer alguma coisa em sua testa
É sinal do descuido praticado
E aí o seu barco ta virado
Ela já entregou a rapadura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XIX
Cuide bem do seu dengo precioso
Não lhe deixe cair na capoeira
Se acaso tem um vulto na mangueira
Só lhe peço não atire que sou eu
Mesmo estando escuro como breu
Vi as mangas passando de madura
Se você não cuidar da fechadura
Depois não adianta por tramela
XX
Se depois disso tudo meu amigo
Você acha que não passa de boato
Sem querer ser um cara muito chato
Me permita um conselho genial
Arranje um emprego no pré-sal
A catorze mil metros de fundura
Se você não cuidou da fechadura
Agora não adianta por tramela !!!