terça-feira, 30 de outubro de 2012

DEPOIMENTO DE UM POETA ANÔNIMO


UM POETA DESPOJADO: ZÉ ORESTES

Filho de peixe, peixinho é, já nos ensina o adágio popular. Apaixonado por esta nossa cidade de Cruz, Zé Orestes, radicado em São Paulo, desde quando pra lá, a exemplo de tantos nordestinos, seguiu em busca de melhores tempos, e conseguiu-o. 

Teimando contra os reveses próprios de uma terra que não deixa de ser a cada dia estranha pela absorção de tantas raças e culturas, bacharelou-se em direito e prestou concurso público logrando aprovação. Hoje, depois de tantos anos, aguarda ansioso os louros da aposentadoria... merecida aposentadoria.

Filho do Mestre Zeca Muniz, maior expoente destas bandas de cá na arte da expressão maior da alma, a poesia, Zé Orestes é o que se pode definir como um poeta sui generis: ele tem o dom de dar nós nas palavras que enlaçam o leitor. A forma despojada com que escreve somente se compara ao seu estilo de vida. Aberto. Receptivo. Simples...

Indubitavelmente, escrever é um estado de espírito, e poucos são os que conheço que tem este estado tão elevado e ao mesmo tempo tão humilde. Certamente deve ser por isso que de seu manancial inesgotável brota tantas maravilhas literárias. O homem está sempre de bem com o mundo. 

Ainda não mais do que há um mês, no mercado público daqui de Cruz, vi-o com aquele seu estereótipo característico: chinelão, calças largas, chapéu e blusa de seu time do coração, o Santos, e a mão sempre estendida para um forte aperto que é seguido de um afetuoso abraço. Boa gente este meu amigo, gente muito boa.

Diz-se dele, os que têm o privilégio de orbitar-lhe, sim, pois tão grande pessoa e tal qual um sol que obedece as leis físicas dos astros, tem gravidade e captura para seu raio de atração corpos celestes menores que beneficiam-se de sua luz perenemente irradiada. 

Eu fui capitado por ele, como anteriormente fui capitado por seu velho pai, uma supernova que já se extinguiu e que eternamente expande pelo universo sua radiação através da musicalidade de seus poemas. Assim também foi com Zé Orestes e sua poesia. A força de atração de sua alma transmutada nos seus versos soltos aprisionou-me na eternidade das rimas e nas costuras das palavras que somente ele sabe como fazê-las; e, como se no vácuo estivesse, o tempo não é percebido, somente a insustentabilidade da leveza de seu espírito de poeta... grande poeta.

A ti meu amigo, quem dera tivesse eu o mesmo dom que te é inato, e pudesse expor em texto todo o meu apreço e admiração não somente pelo que escreves, mas pelo exemplo de vida que verdadeiramente és. Como não sou íntimo das palavras, te exponho da forma que sei e que tanto cultivo como valor inestimável e que tem a linguagem universal: a AMIZADE que te nutro e imensamente me honra.


RESPOSTA:

Pôxa vida!!!!!!!!!!! O que poderia eu, me atrever a dizer, depois dessa magna página, dessa cachoeira de tão doces palavras? Só mesmo um grande poeta poderia discorrer com tanta fluência e zêlo. Puseste-me em estado de emoção com tanta lisonja e afeto. Por certo, não te identificastes, pela modéstia. És um sábio de letras livres e suaves que já te consagram um grande poeta da nossa cidade de Cruz. Admiro-te no estilo e na generosidade!!!

sábado, 20 de outubro de 2012

DONA RITA

Dona Rita tão bonita,
Tão faceira tão amiga,
Olhando não há quem diga,
Que não era da família.
Era a mãe e era a filha,
Do Velho Zeca Muniz,
Na hora de ser feliz,
A Rita caiu doente.
Lutou com unhas e dentes,
Até perder os cabelos,
A doença fez novelos,
Amarrou suas passadas.
Agora já bem cansada,
Não resistiu a batalha,
E a vida numa falha,
Lhe levou antes da hora.
Dona Rita vai embora,
Deixando muita saudade,
Cativou a amizade,
De gente que não é sua.
Foi de mudança pra lua,
Dar de comer às estrelas!!!