sábado, 6 de novembro de 2010

PAPAGAIOS!!!


Papagaio indignado
Do ronco da moto-serra
Dos olhos cheios de terra
Do seu ninho derrubado
Dos filhotes amassados
Na queda da sua casa
Só lhe resta bater asas
Enquanto não vêm as chamas
Logo-logo o Amazonas
Vira filete de rio
Areia come navio
A mata vira deserto
O homem que acha certo
Destruir a Natureza
Corta rio faz represa
Pra gerar força motriz
Resulta da cicatriz
Cidade vira lagoa
Desaloja quem não voa
Afoga quem se arrasta
É fortuna que se gasta
Pra fazer o que não presta
Enquanto nossa Floresta
É vendida, leiloada
Espremida, recuada
Disputada por grileiros
Respira por aparelhos
Consolada pelo rio
Que respira por um fio
Entupido pelo lixo
E quem fala pelos bichos
Nosso nobre papagaio
Sufocado num balaio
Entregue ao desvario
Pernas e asas atadas
É vendido nas estradas
Como símbolo do Brasil!!!

domingo, 24 de outubro de 2010

DOCE ABSTRATO


Tu, que moras num vão estreito
Na cova funda do meu peito
Só mesmo a ti remeto flores
Morro de amores, ressuscito e,
Volto do infinito pra te ver

Tu que desces do meu sonho bem assim
Enquanto te proponho amor sem fim
Dá de ombros se fingindo resolvida
Vagueia de sapatos minha vida
E sai pra rua sem me conhecer

Faltam folhas pra contar no calendário
Sobram marcas de procura no diário
Te sonhei outro dia Madalena
Figurante esquecida no cinema
Tive pena de mim por te querer

Só me perdi, vivi a ti buscar
Pois que tu és um rio a desaguar
Por te querer sobrevivi abalos
Já me doei me consumi em calos
E tu nem aí pra merecer

Tu és rugas indeléveis de ternura
Retrato caro que foge da moldura
Minha Dama sorrateira como o vento
Te guardo cicatriz no pensamento
Pena que tu não existas pra saber!!!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

DITO POPULAR

Diz o dito popular
Com toda sabedoria
Que o tempo não espera
Que a morte vem um dia
Que a vida não tem pressa
Que a pressa pretendia
II
Cada coisa no seu tempo
Como um dia atrás do outro
Amor se paga com beijo
Do outro lado do rosto
III
Terás um dia de muito
Comendo de grão em grão
Se pensares duas vezes
Na força da união
IV
De moeda em moeda
Minha fortuna se fez
Prato frio de vingança
No enterro da Inês
V
Antes tarde do que nunca
Quem espera sempre ganha
Jacaré nada de costas
No reduto da piranha
VI
Nem tudo que brilha é ouro
Já dizia o garimpeiro
Só se conhece o amigo
Se pedir algum dinheiro
VII
O gato vai na caçada
Quando o homem não tem cão
Andorinha operária
Numa noite de verão
VIII
Não conte com a galinha
Ela pode não ter ovo
As aparências enganam
Sabedoria do povo
IX
Quem dá risada primeiro
Sabe que do chão não passa
Quem sorrir por derradeiro
Vai cair achando graça
X
Água mole quando bate
Pedra dura desconfia
A esmola é roubada
O santo que não sabia
XI
Quem tem boca não atira
No telhado do vizinho
Vai à Roma de carona
Na pedra que vem caindo
XII
Mais vale gato escaldado
Que pombo na água fria
Um passarinho na mão
Era tudo que eu queria
XIII
Quem faz a cama se deita
Não há bem que não acabe
Quem semeia ventania
Vai morrer na tempestade
XIV
Papagaio é famoso
Por causa do periquito
A boiada se espalha
Pela falta de um grito
XV
Pior do que vara curta
É levar a cutucada
Até a mosca prefere
Onça de boca fechada
XVI
O gato na noite escura
Não revela com quem anda
Parece terra de cego
Quem tem um olho que manda
XVII
Se vive desprevenido
Não adianta chorar
O leite foi derramado
Difícil remediar
XVIII
Macaco caiu do galho
Dormindo que nem preguiça
Cachorro foi enforcado
Amarrado na lingüiça
XIX
Na casa que tem milagre
O santo não mora nela
Milagre só no vizinho
Qual tempero de panela
XX
Quem desdenha da desgraça
Compra a bobagem que quer
O ferreiro faz em casa
O espeto que quiser

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O PERFUME


Queria ter, a força do perfume
Que indelével, atravessa o tempo
Não pra ser sentido a todo momento
Mas retrato antigo, de causar ciúme
II
Cheiro que me traga me sopra no vento
Me volta no tempo me faz um desejo
Troca seu perfume por aquele beijo
Que já fez morada no meu pensamento
III
Leva meus queixumes, minh’alma sentida
Meu tempo vivido na indiferença
Sopra de poeira solidão imensa
Cobre de aroma todas as feridas
IV
Marcas tatuadas me sobram do peito
Já se fez rosário tanta cicatriz
Retratos guardados, um bem de raiz
Bem que não se quis, carinho desfeito
V
Se me pego em sonhos, recordo sentido
Amores rompidos pela vida afora
Vento que não sabe, não me leve embora
O perfume guardado do amor vivido!!!

terça-feira, 1 de junho de 2010

GIGANTE FERIDO


A saudade me invade
Me entorpece o coração
Pedaço da minha infância
Me escorre pela mão
Na haste do galamar
O barulho do carvão
Os meninos a rodar
Até se embriagar
Espatifados no chão
II
Com ingresso de castanha
Você podia rodar
Caçula da Dona Rosa
Era dono do lugar
Quem passava para a missa
Na volta passava lá
Na minha doce lembrança
Do meu tempo de criança
O tempo não vai passar
III
Um transeunte vadio
Botou fogo no seu leito
Se lhe soubesse a história
Lhe cobria de respeito
Ver seu tronco derretido
Derrete também meu peito
Me causa muito sofrer
Olhar pro rio e ver
Seu tronco daquele jeito
IV
Acaso o amigo rio
Estivesse de enchente
Não lhe teria deixado
Perecer no fogo ardente
Lhe sobrou o esqueleto
Um buraco de serpente
Um farrapo em frangalhos
Com meia dúzia de galhos
A judiar minha mente
V
Não existe Casa Velha
Sem o vento sem o rio
Sem a figura frondosa
Hoje um toco vazio
A mesma dor que sentiste
Meu peito também sentiu
O vento quando passar
Há de soprar devagar
Pra não morreres de frio
VI
Meu velho gurgurizeiro
Como dói lhe ver assim
O seu corpo retalhado
Torna retalhos em mim
Quando passo de visita
Sinto uma coisa ruim
Relembro o que foi outrora
Me bate no peito agora
Uma saudade sem fim!!!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

BOTEI TUDO NUM BALAIO


Começou de brincadeira
Um rabisco no papel
VELHO ZECA generoso
Me chamou de Bachareu
Atirei pra todo lado
Comecei no PÉ QUEBRADO
Termino neste Cordel
II
Enderecei uma CARTA
Pra MULHER DA MINHA CASA
Meu BEM-QUERER ficou triste
Meu peito ficou em brasa
Pois na BRIGA DE CASAL
Todo mundo passa mal
Só complica, só atrasa
III
Tomei CHUVA no roçado
Subi no TAMARINEIRO
Cavalguei no ARCO-ÍRIS
UM AMOR DE JANGADEIRO
Esbarrei nos OLHOS DELA
Tendo como sentinela
MEU AMIGO CAJUEIRO
IV
Tive um AMOR DESCUIDADO
Bastardo, FORA DA LEI
Amei de TODAS AS FORMAS
Na PROCURA me achei
A ESPERA calejada
A ESPERANÇA SURRADA
MEMÓRIA que deletei
V
Cochilei na CASA VELHA
Nos arredores da CRUZ
Vi o BRILHO DAS ESTRELAS
Um SENTIMENTO de luz
Não tive MEDO DA NOITE
Pois o VENTO de açoite
É o sopro de Jesus
VI
Fiz um SONETO PRA DOR
Com muita SIMPLICIDADE
Fiz SONETO PRA FADIGA
Pra DONA FELICIDADE
Quis fazer uma canção
Que fale do coração
Mas ficou pela METADE
VII
Fui de TREM pra MINHA TERRA
Feito um AMOR DE RAIZ
Me lembrei do ESTRUPICIO
Da Maria Infeliz
A MUSA do cabaré
Só ela sabe O QUE É
A vida de meretriz
VIII
Já tive AMORES DISTANTES
AMOR MADURO sereno
BELEZA se fez OCULTA
DESEJO virou veneno
Apeei do MEU CAVALO
O PÉ jazia de calo
Sapato ficou pequeno
IX
Lembrei do PRINCIPIANTE
Do ROCEIRO ENCABULADO
Do CIGANO forasteiro
Do POETA injuriado
Do FEIRANTE de mau gosto
Que nem a MULHER SEM ROSTO
Ficaria do seu lado
X
Retratei a FARINHADA
No RETRATO que sabia
Fiz versos pra NAZARÉ
Amiga de VALENTIA
Que não pregava o olho
Na tramela do ferrolho
Quando o magrelo sumia
XI
Falei como PAPAGAIO
Tenho PRESSA DE CHEGAR
Vou fazer a PESCARIA
Se O TREM não atrasar
Escrevi pra DONA TONIA
Pra fazer muita pamonha
No inverno eu chego lá
XII
ZERO HORA vou embora
Tenho UM SONHO pra sonhar
O RELÓGIO não ESPERA
MESMO QUE vá devagar
Desço na PRÓXIMA ESTAÇÃO
BOTÃO DE ROSA na mão
Pra quem for me esperar!!!

terça-feira, 25 de maio de 2010

CARTA PRA DONA TONIA


Dona Tonia, saudações!!

Desculpe-me o longo tempo sem notícias, nem fui na sua despedida, é que ando meio esquecido, sem contar, o tempo que anda agora muito mais ligeiro, a ponto de me tornar avô assim sem mais nem menos. Imagina, aquele menino de Aningas, aliás, a sua filha do meio, está escrevendo poesias. A mais velha já é Escritora, e das boas, o menino mais velho, se interessa por música, até fez uma canção que lhe retrata muito bem. A outra, a segunda, anda carrancuda, é a mais inteligente, que bênção! Quero lhe contar que estive na casa da sua filha caçula, que me recebeu com aquele sorriso de menina, que nunca lhe acaba. Tava com um dos olhos remelado, acho que caiu um cisco, foi o que pensei, pela simplicidade como tratou, da cirurgia que lhe custou a tampa do olho. Ainda guarda a inocência e pureza de menina, parece que não se importa de carregar peso maior do que merece. Nunca lhe vi reclamar, choramingar, se mal-dizer. Não sei de onde tira tanta força, nunca vi tanta fé! Uma risada, outra risada, e eu ali, encabulado com sua coragem! Uma hora, olhei bem nos seus olhos e vi. Você estava ali, bem nos olhos dela, na sua fala, na sua força. Me senti pequeno, me senti o cisco do seu olho(...........), desculpe se molhei o papel, mas é que me lembrei do quanto Você foi inabaláve!! Nada lhe derrubava.....como eu ia dizendo, ela é a que mais se parece com VOCÊ.Voltei de lá com o coração pelo meio de saudades, ja que lhe fiz uma visita sem querer!!!

sábado, 22 de maio de 2010

BOTÃO DE ROSA


Eu vi um botão de rosa
Na roseira mais distante
O botão é radiante
A roseira, perfumada
Numa noite enluarada
Dormi no pé da roseira
Uma rosa feiticeira
Me caiu despetalada
O botão não sabe nada
Pensa que sou jardineiro
Só sei que trago seu cheiro
Impregnado comigo
E como doce castigo
Moro longe da roseira
Que me espera solteira
Quase murcha de saudade
Ando louco de vontade
De virar um passarinho
Agasalhar o meu ninho
Nas suas folhas macias
Na brisa das noites frias
Me tragar no seu perfume
Enfim o amor se consume
Nas sombras do seu feitiço!!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

TAMARINEIRO QUERIDO


Marco zero centenário
Fortaleza de raiz
Encontro das montarias
Para a missa na Matriz
A sombra dos namorados
Daquele tempo feliz
II
Rodeado de cavalos
Logo no raiar do dia
Era gente que chegava
Pra novena de Maria
Era festa pro Francisco
Era tempo de alegria
III
A historia que te conta
Não te conta de menino
Se hoje és fortaleza
Já foste galho franzino
Viste erguer a capela
Ouviste tocar o sino
IV
Tamarineiro me contas
O que fizeram contigo
Antigamente frondoso
Te puseram de castigo
Deceparam teus cabelos
Se fingindo de amigo
V
Já sangrastes de resina
Pelo golpe do machado
Já te fizeram de lenha
Te deixaram mutilado
Agora te protegeram
Te puseram cadeado
VI
Senhor de terceira idade
Hoje em dia bajulado
Já ganhou placa de bronze
Arvoredo jubilado
Meu velho Tamarineiro
Teu tronco no cativeiro
Meu sonho realizado!!!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CASA VELHA


Casa velha hospitaleira
Recanto de todos nós
Teto dos nossos avós
Velha senhora querida
II
Já se foram tantas vidas
E tu aí feito louça
Jeito de menina moça
Parece dona do tempo
III
Casa velha bajulada
Rodeada de carinho
Morada de passarinho
Rouxinol dorme na sala
IV
Gigantes carnaubeiras
A te fazer companhia
Te protegem noite e dia
De raios e trovoadas
V
O velho gurgurizeiro
Terreiro de galamá
Leva a vida a pastorar
Quem tira peixe do rio
VI
O vento que te embala
Que te sopra o dia inteiro
Fustigante sorrateiro
Penetra na camarinha
VII
O rio no seu namoro
Quando te lambe o batente
Sempre deixa de presente
Uma lagoa de ouro
VIII
Casa de tantas serestas
Luaradas e fogueiras
Moças de boas maneiras
Tomavam banho de lua
IX
Deixei nome no reboco
Da tua velha parede
Cochilei na tua rede
Noutro dia fui embora
X
Quisera tu me tocastes
De herança de quinhão
Não sabes quanto me tocas
Se tombares pelo chão
No fundo, nas entrelinhas
Tuas paredes são minhas,
Paredes do coração!!!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A CHUVA


Chuva cheirosa, respingando da telha,
Causando uma garoa fina sobre a nossa rede.
Pela manhã, um alvoroço, alegria geral, a chuva veio.
Não há nada que traga mais alegria, que os pingos mágicos da chuva,
Todos resistem, horas e mais horas, capinando sob chuva forte,
Sem se importar com o frio. Fica-se na chuva o dia inteiro,
Plantando a semente que se perderia, não fosse a chegada da
Deusa Adorada, a derramar suas lágrimas suculentas e fertilizantes.
Por várias vezes, voltei pra casa todo enrugado, encharcado e
Ainda ia em desabalada carreira, tomar banho de rio,
Onde a água era mais quentinha.
Que doces lembranças me trás a chuva.
No roçado, em poucos dias, já se via a semente brotar,
Logo-logo vem a colheita.
A lida é dura, o sol escaldante, inclemente,
Ignora o chapéu de palha e nos doura a pele sem piedade.
A chuva aqui na cidade, “é do mal”; engarrafa, destrói, alaga,
Desabriga, emudece o telefone e acaba com a luz.
Também, até os rios que lhe cruzam são asfaltados,
Tiraram o mato e colocaram cimento, e quando alaga,
Dizem que é castigo.
Se eu falar o que a chuva faz na minha terra, ninguém acredita.
Lá a chuva nunca incomoda. Chuva lá, é coisa de Deus,
Lá se diz: “Tá bonito pra chover”.
Na cidade é chamada de “tempo feio”,
Só serve pra baixar a poluição, que desperdício!
Chuva inocente, pingos de semente,
Que se precipita sem saber de nada,
Por vezes destrói, alaga e desabriga, por outras
Trás alegria e abundância.
Amiga chuva, daqui te peço,
Não abandones minha boa terra que tanto te venera,
Vai lá, mais a miúde, encha-lhe os rios, açudes e lagos,
Deixe tudo verdinho, depois passe na cidade, mas chova pouco e,
Não lhe faça morada, pois aqui, ninguém lhe tem carinho!!!

sábado, 30 de janeiro de 2010

MULHER SEM ROSTO


Eu vi uma mulher sem rosto
Me deu vontade, me deu desgosto
Não pude ver a mulher de dentro
Por fora, um manto de convento
Era uma enclausurada a caminhar!
II
Seus olhos proibidos de se ver
De certo não evitam seu querer
Devia sentir muita falta do vento
Pelo seu vulto em movimento
Era uma penitente a caminhar!
III
Parecia ventilar os seus segredos
Timidamente escorrendo pelos dedos
Quem sabe liberta dos conselhos
Sem tarefas de agulhas e novelos
Era uma subjugada a caminhar!
IV
A mulher tinha a boca amordaçada
No entanto parecia conformada
Poderia ser mulher de um harém
Ou odalisca desgarrada sem ninguém
Era uma escravizada a caminhar!
V
Eu vi a mulher abafada e contida
Debaixo daquela roupa, sua vida
Acho até que não tinha identidade
Pois não tinha cara nem vaidade
Era uma amputada a caminhar!
VI
Seu mundo limitado à sua fresta
Fora obediência pouca coisa resta
Nem imagino o mundo do seu jeito
Confesso fiquei de coração estreito
Era um espantalho a caminhar!!!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

FOTO HISTÓRICA DE CRUZ, IDENTIFIQUE ALGUÉM

CAMOCIM/CE

ARARA/CRUZ/CE

VIADUTO SANTA EFIGÊNIA/SÃO PAULO

MERCADO MUNICIPAL/SÃO PAULO/CAPITAL

PRAIA DE IRACEMA/FORTALEZA/CE

GIRASSOL/JUQUITIBA/SP

IGREJA DE PIRENÓPOLIS-GO

CATEDRAL DE BRASILIA/DF

IGREJA DO SENHOR DO BONFIM/SALVADOR-BA

IGREJA DA SÉ/SÃO PAULO

MUSEU DO IPIRANGA

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pátio do Colégio Anchieta/São Paulo/Capital

Estação da Luz(Restaurada)

Ninho fotografado em Juquiá-SP

Mosteiro de São Bento-São Paulo-SP

Igreja de Tietê-SP

Ponte Metálica-Fortaleza-CE

Avestruz-Aningas/Cruz-CE

Catedral de Fortaleza-CE

Igreja de Almofala-CE

Igreja de Cruz-CE

domingo, 24 de janeiro de 2010

QUARTETO FORA DA LEI


Quatro amigos de infância
Combinaram se encontrar
Pra dividir os segredos
Que não dá pra segurar
Esse encontro é imperdível
Quatro figuras sem nível
Vai ser de arrepiar!
II
O encontro aconteceu
No Sítio do Zé Pinguela
Chico Bufa chegou cedo
Junto com Mané Ruela
Boca Pôde atrasado,
Ficou preso na cancela
III
Zé Pinguela foi dizendo
Que bom que vocês vieram
Contem tudo com detalhes
As maldades que fizeram
Nós vamos comendo o bode
Que roubei no cemitério
IV
Chico Bufa perguntou
Pela sua namorada
Zé Pinguela disse logo
Mora comigo a lesada
Chorava com dor de dente
Arranquei na enxadada
V
Boca Pôde não conteve
Sua bela gargalhada
Só tinha mais os caninos
Pra doer de madrugada
Zé Pinguela de marido
Coitada da desgraçada
VI
Mane Ruela falou
Silêncio que vou contar
O caso se deu comigo
Nem gosto de me lembrar
Levei chifre do cumpade
Enquanto fui viajar
VII
Chico Bufa só calado
Difícil de revelar
Certa noite lua cheia
Rio fundo foi pescar
A piranha matou fome
Logo naquele lugar
VIII
Enquanto contava casos
O quarteto mastigava
O bode foi consumido
Era osso que voava
A mulher lá na cozinha
Outro bode preparava
IX
Vai comer lá no inferno
Resmunga dona Mundiça
Pinguelinho reclamava
Perdi a hora da missa
Temos que encher o bucho
Desse monte de carniça
X
Bode regado a cachaça
Provavelmente roubada
Boca Pôde reconhece
A firma foi arrombada
Sumiu um carregamento
Segunda de madrugada
XI
O dia já clareando
Todos já embriagados
Boca Pôde sugeriu
Cada um conta um pecado
Zé Pinguela disse logo
O sítio não foi comprado
XII
O sítio era de Quitéria
Viúva bem apanhada
Trabalhei como vaqueiro
Durante uma temporada
Se escavar o quintal
Vai encontrar a ossada
XIII
Vigia de cemitério
Chico Bufa faz agouro
Defunto rico velado
Com boca cheia de ouro
Ajuda botar na cova
Espera acabar o choro
XIV
Ajudante do vigário
Ruela como é chamado
Passa a sacola na missa
Faz seu voluntariado
Metade vai pra igreja
Metade vira pecado
XV
Boca Pôde em soluços
Da surpresa revelada
Contou do seu parentesco
Com a viúva assassinada
Quitéria da boca pôde
Noutra família criada
XVI
Sol raiado noite some
Roupa suja foi lavada
Fizeram pacto cerrado
Morrer de boca fechada
Quem quebrar o juramento
Não atravessa a calçada
XVII
Pinguela recebe carta
Boca Pôde é o autor
Querendo parte do sítio
Que sua irmã lhe deixou
Pense bem caro Pinguela
Quitéria você matou
XVIII
Pinguela logo recebe
Um fiscal da Prefeitura
Cobrando imposto atrasado
Exigindo a escritura
Aqueles três desgraçados
Vão parar na sepultura
IX
No outro dia bem cedo
Pinguela foi à capela
Contou tudo pro vigário
Dos pecados de Ruela
Que rezou quarenta dias
Pra pagar sua mazela
XX
No portão do cemitério
Um cartaz assim dizia
Cuidado com seu defunto
Não confie no vigia
Ele rouba até as calças
Não deixa raiar o dia
XXI
Sabe-se que Boca Pôde
Teve tempo abreviado
Bufa morreu de tocaia
Pinguela morreu queimado
Sem as mãos de pegar dízimo
Ruela foi enterrado
XXII
Que triste sina tiveram
Destino amaldiçoado
Melhor seria que nunca
Tivessem se encontrado
Promessa de Pinguelinha
Seu pai seria vingado!!!!

PRESSA DE CHEGAR


Ainda jovem pensei
Melhor é chegar primeiro
Aprendi que o atalho
É caminho mais ligeiro
II
Na procura me perdi
Me embrenhei no nevoeiro
Dei muitas voltas em mim
Acabei num atoleiro
III
Rodei mundo procurando
A curva do cotovelo
Passei rios mata virgem
Com bravura de guerreiro
IV
Carapuça minha casa
Orelha meu travesseiro
Chinelo gastou a sola
Mundana pegou dinheiro
V
Cachimbo levou consigo
A brasa do candeeiro
Destino ficou incerto
A vida virou novelo
VI
Ja dei por mim afogado
Com água no tornozelo
Tempo gasto na corrida
Me custou muitos janeiros
VII
Agora peguei o leme
Acordei o timoneiro
Traçado novo caminho
Virei proa do veleiro
VIII
Hoje conduzo meu barco
Como o velho marinheiro
Não força que arrebenta
Não lava que sai o cheiro
IX
Se quiser chegar na frente
Não pule seu companheiro
Devagar se vai ao longe
Sapiência de mineiro
X
Na ânsia de chegar logo
Tropecei no paradeiro
Sentado sobre o destino
Caminhei o tempo inteiro!!!

O VELHO ZECA


O meu Velho é mesmo forte
Faz versos de todo jeito
Pegou todos de surpresa
Levando tudo no peito
Apesar do corpo lento
Demonstrou muito talento
Que beleza de sujeito
II
Parecia expirado
Ninguém lhe dava suporte
Aos poucos foi se mostrando
Dando conta do seu norte
Usando a experiência
Pois o tempo é sapiência
No mais fraco e no mais forte
III
Poeta foi se forjando
Embora despercebido
Quase desacreditado
Alguém lhe daria ouvido
E foi tocando a toada
Juntando pouco com nada
Rimando quase escondido
IV
O povo foi percebendo
Que o Velho levava jeito
Quem via suas escritas
Lhe elevava o conceito
Isso lhe fortalecia
E o poema saía
Como se tirar um eito
V
De poema em poema
O Velho Zeca se fez
É poema todo dia
É poema todo mês
Hoje é considerado
Até fora do Estado
Seu livro já tem freguês!!

BRILHO DE ESTRELA


Beleza que se derrama
Labareda de fogueira
Só a chuva passageira
Faz gozo na tua chama
A água quase reclama
De secar rapidamente
No calor da pele quente
Arrepio muito breve
O vento ainda se atreve
Esvoaçar teu cabelo
Tratado com tanto zelo
Molhado da chuva fina
O teu corpo de menina
Revela flor da idade
Faz pouco da tempestade
Derramando juventude
O vento que te ajude
Não te sopre muito forte
Não te seque toda sorte
Que nem precisas agora
Sapateias nas amoras
Displicente, descuidada
És musa, predestinada
Serás rainha candura
Com essa beleza pura
Escultura do desejo
Um dia ainda te vejo
Sapatear nas estrelas
E apagar todas elas
Que ninguém sentirá falta
Aí, serás a mais alta
Com teu brilho reluzente
Uma estrela incandescente
De causar inveja à lua
Por fim a imagem tua
Ornada de diadema
Sairá do meu poema
Pra viver no firmamento
Fruto do meu pensamento
Devaneios de poeta!!!

AMORES DISTANTES


Os amores separados
Se alimentam da espera
Coração se desmantela
Doendo, despedaçado
Querendo ficar do lado
Da sua outra metade
Saudade que nos invade
Distância que nos impede
Vontade que não se mede
Desejo que não se apaga
Tomara o vento te traga
Pra perto da minha casa
E encoste minha brasa
Junto do teu estopim
Aí o fogo de mim
Te abraça, te consola
Te cobre de labaredas
Te consome, te devora!!!

AMOR DE JANGADEIRO


Veleiro partiu suave
Coração quase me mata
Meus olhos se desbotaram
São nascente de cascata
Retina presa no fundo
Dos olhos daquela ingrata
II
Me lancei de jangadeiro
Naveguei noites a fio
Procurei de mar a dentro
Um imenso desafio
Até onde alcança a vista
Nem sombra do seu navio
III
Vento aponta os olhos dela
Pra enchente da maré
Sopra vento de retorno
Com a força que puder
Faz a onda que lhe traga
Arrebentar no meu pé
IV
Vento que sopra na onda
Que devolve os afogados
Sopra bem devagarzinho
Manda a brisa pro meu lado
Me afoguei nos olhos dela
Me deixou enfeitiçado!!!

AMOR DE TODAS AS FORMAS


Amor que dura uma vida
Amor que passa ligeiro
Amor que sara ferida
Amor que custa dinheiro
II
Amor de mãe e de pai
Amor pra toda família
Amor que no samba cai
Amor do rádio de pilha
III
Amor de pai para filho
Amor que não se esgota
Amor que bota nos trilhos
Amor que filho não nota
IV
Amor que faz serenata
Amor que te manda flores
Amor que é pura cascata
Amor que só causa dores
V
Amor que não poderia
Amor feito sem cuidado
Amor de forma vadia
Amor que foi enganado
VI
Amor que seca teu pranto
Amor que tira teu sono
Amor que vem ao encontro
Amor que cheira abandono
VII
Amor que nem se consuma
Amor deixado de lado
Amor de quinze pra uma
Amor que chega atrasado
VIII
Amor feito no capricho
Amor que nem acontece
Amor deitado no lixo
Amor que não te merece
IX
Amor que gosta de briga
Amor que não se penteia
Amor que só faz intriga
Amor de barriga cheia
X
Amor de pura beleza
Amor que sobra do peito
Amor que trás incerteza
Amor que não leva jeito
XI
Amor feito de pureza
Amor inescrupuloso
Amor que não tem tristeza
Amor que fica ocioso
XII
Amor chegado de longe
Amor com pouco refino
Amor sagrado de monge
Amor de homem cretino
XIII
Amor do tipo maduro
Amor que chora calado
Amor que passa do muro
Amor de fogo trocado
XIV
Amor que sonha cativo
Amor rasgado profano
Amor feito sem motivo
Amor que vem todo ano
XV
Amor que foi combinado
Amor de todo fingido
Amor que foi rejeitado
Amor que restou traído
XVI
Amor que conta vantagem
Amor sublime de santo
Amor daquela viagem
Amor deixado no canto
XVII
Amor que vive escondido
Amor mantido em segredo
Amor calado, contido
Amor que morre de medo
XVIII
Amor comprado na feira
Amor que beira calçada
Amor sem eira nem beira
Amor de carta marcada
XIX
Amor que conta minutos
Amor que rebola a saia
Amor que fica de luto
Amor que morre na praia
XX
Amor contado no livro
Amor passado no dia
Amor moleque atrevido
Amor feito hemorragia
XXI
Amor de cara-metade
Amor que faz sentinela
Amor feito sem maldade
Amor de moça donzela
XXII
Amor de adolescente
Amor que vem do perfume
Amor que cheira bebida
Amor que é puro ciúme
XXIII
Amor que volta pra casa
Amor que some no mundo
Amor com fogo de brasa
Amor meio vagabundo
XXIV
Amor coberto de ouro
Amor que morre de fome
Amor que guarda tesouro
Amor que nem sei o nome
XXV
Amores pirateados
Amores fora das normas
Amores trancafiados
Amor de todas as formas!!!!

AMOR DE RAIZ


Ele, rebento minguado
Parteira fez sentinela
Angu foi sua dieta
Olhos presos na panela
Criado como batata
Em beira de corrutela
Ausente de sobrenome
Entupido de mazelas
II
Ele, criança sonhada
Primeira maternidade
Filmado dentro do ventre
Pequena celebridade
Chegada com muita festa
Anúncios pela cidade
Protegido no silencio
Do vento, da claridade
III
Ele, brinca na areia
Do chão de terra batida
Sem roupa sem preconceito
Sem saber de outra vida
Sem brinquedo sem cuidados
Só a sina a ser cumprida
Vida lhe monta de espora
Vai lhe abrindo feridas
IV
Ele, tem até mucama
Que não lhe deixa chorar
Se chora tem doce colo
Tem cantigas de ninar
Roupas finas delicadas
Mamadeira de manjar
Casa cheia de brinquedos
E a vida pra brincar
V
Ele, já carrega água
Já capina no roçado
Pés descalços nos espinhos
Ganhou calção de riscado
Menino de couro grosso
Parece determinado
Quando crescer quer comprar
Um chapéu e um machado
VI
Ele, domingo no parque
Brincando de escorregar
Algodão doce e pipoca
Carrossel a lhe rodar
Nada lhe falta na vida
É só pedir pra babá
Quando crescer certamente
Nem sabe o que quer comprar
VII
Ele, brinca do seu jeito
Subindo na goiabeira
Seu cavalo pau de lenha
Deixa todos na poeira
Pra ele é maravilhoso
Desabalada carreira
Não conhece nem inveja
Qualquer outra brincadeira
VIII
Ele, tem tv no quarto
Notebook e celular
Seus carrinhos de brinquedos
Já não pega pra brincar
Não escuta o que lhe dizem
Já responde pra babá
Come da melhor goiaba
Que a goiabeira dá
IX
Ele, falta na escola
Ajuda sua mãe na feira
A vida mais dura ainda
Lhe tirou da brincadeira
Com esse peso nas costas
Vai ter que subir ladeiras
É hora de separar
O vinho da mamadeira
X
Ele, tem tudo que quer
Mimado até o pescoço
As meninas da escola
Disputam no alvoroço
Quem vai fazer a lição
Entrar na casa do moço
Da fruta que ele come
O outro come o caroço
XI
Destino lhe foi ingrato
Vai ter que suar dobrado
Quem nasce pra capoeira
Nunca passa de roçado
Tem que ser muito tinhoso
Destino jogar pro lado
Correr mundo procurando
Seu chapéu e seu machado
XII
A pesar do alvoroço
Ele se comporta bem
Não esnoba não debocha
Mas sabe a força que tem
Sempre no final das contas
Escolhe a que lhe convém
Melhor aluna da classe
Melhor amiga também
XIII
Parte pra cidade grande
Pra fugir do que tem feito
Naquela vida sofrida
Teria que dar um jeito
Sua mãe vive de reza
Coração ta no estreito
Noticia sempre pequena
Saudade fora do peito
XIV
Apesar de bom garoto
Adolescente feliz
Se sente entediado
Não é a vida que quis
Bota mochila nas costas
Foge pra onde não diz
Seus pais caíram de quatro
Lendo recado de giz
XV
Trabalha de balconista
De pedreiro, de servente
De carteiro de vigia
De soldado de escrevente
Manda carta para a mãe
To aqui virando gente
Um dia você descansa
E vai sentar no batente
XVI
Andou por todos os lados
Levou pancadas da vida
Soube que sem o trabalho
Ninguém merece comida
Descobriu como é pequeno
Quando estava sem guarida
Entendeu que a família
Não tem porta de saída
XVII
Recebe carta de casa
Sua mãe caiu doente
Esgotada do trabalho
Da lida, do sol ardente
Sua barraca de feira
Sua alma, seu batente
Metade da sua vida
Se foi assim de repente
XVIII
Voltou pra casa sem graça
Mochila toda rasgada
Roupa suja das andanças
Auto-estima arrebentada
Suas lágrimas mostraram
A saudade escancarada
Abraço de pai e mãe
Não carece dizer nada
XIX
Sua mãe era valente
Nunca ficava parada
Agora sem o trabalho
Deve estar desesperada
Se ele larga o emprego
Não manda sua mesada
Que fazer com essa carta
Situação complicada
XX
O homem não necessita
De acumular riqueza
Quando tem muito dinheiro
Costuma subir na mesa
Olha pra gente de cima
Com olhos de avareza
Isolado no seu mundo
Muro alto da nobreza
XXI
Resolve voltar pra casa
Tesouro foi alvejado
Nada lhe vale tão caro
Seu sonho foi adiado
A saudade pula montes
O amor vira tornado
Chapéu quebrado na testa
Depois compra seu machado
XXII
Os valores se confundem
Com os bens materiais
Um chapéu e um machado
Parecem coisas banais
Quem toma sol no iate
Acha graça do rapaz
Quem tem o sol de castigo
Sabe o calor que lhe faz
XXIII
O pote de água fria
É a sua geladeira
O pirão da sua mãe
É coisa de feiticeira
Vai casar com a Maria
Namoradinha da feira
Cuidará da sua mãe
Sua velha companheira
XXIV
Raízes bem definidas
No rapaz da corrutela
Apesar da vida dura
Não aparenta seqüela
Abre mão do seu futuro
Tira a janta da goela
Egoísmo passa longe
Só não passa o amor dela!
XXV
O rapaz de pele fina
De gravata importada
Visita os pais mensalmente
Agora em nova morada
Leva presentes bonitos
Diz que não lhes falta nada
Quem gastou vida por ele
Passa as horas asilada
Não teve o amor de volta
Acabou interditada!!!

CASA VELHA


Casa velha hospitaleira
Recanto de todos nós
Teto dos nossos avós
Velha senhora querida
II
Já se foram tantas vidas
E tu aí feito louça
Jeito de menina moça
Parece dona do tempo
III
Casa velha bajulada
Rodeada de carinho
Morada de passarinho
Rouxinol dorme na sala
IV
Gigantes carnaubeiras
A te fazer companhia
Te protegem noite e dia
De raios e trovoadas
V
O velho gurgurizeiro
Terreiro de galamá
Leva a vida a pastorar
Quem tira peixe do rio
VI
O vento que te embala
Que te sopra o dia inteiro
Fustigante sorrateiro
Penetra na camarinha
VII
O rio no seu namoro
Quando te lambe o batente
Sempre deixa de presente
Uma lagoa de ouro
VIII
Casa de tantas serestas
Luaradas e fogueiras
Moças de boas maneiras
Tomavam banho de lua
IX
Deixei nome no reboco
Da tua velha parede
Cochilei na tua rede
Noutro dia fui embora
X
Quisera tu me tocastes
De herança de quinhão
Não sabes quanto me tocas
Se tombares pelo chão
No fundo, nas entrelinhas
Tuas paredes são minhas,
Paredes do coração!!!

FRASES


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Na solidão, uma torneira pingando serve de companhia!
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Dias sim, um livro aberto; dias não, impenetrável!
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Ponha-me livre e me terás por inteiro!!
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O Amor é como o Mar, imutável, imensurável!
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Quanto dista meu Amor de mim, se a vida muda sempre de caminho!?
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Teus braços são vigas no meu telhado, são redes no meu alpendre!
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A vida é um grande carrossel; hoje não te vejo, amanhã te tiro o véu!
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Se você trabalha além da conta, alguém vai gozar no seu esforço!
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Se queres ser acarinhado, prepara-te para merecê-lo!
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O calor do teu coração é a minha felicidade!
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Molestamos o mimado quando a culpa é de quem mima!
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O meu Amor vive a me lamber, as feridas e os pensamentos!
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Tomara o vento te traga pra perto da minha casa!
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A cada passo deixo um pedaço!
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Quem tem dinheiro guardado, trabalha no feriado!
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Abominavel a maldade, a falsidade e a mediocridade!
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Não acordo meu amor, por menos de uma flor!
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Não adore tanto a coisa, importante é a pessoa!
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A Liberdade é o Combustível do Caminhar!
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Sou raso de ambição, mas largo de opinião!
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O amanhã tem olhos cegos, só lhe sabemos ao anoitecer!
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A opinião e a vida são bens indisponíveis!
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A MULHER DA MINHA CASA


Teu dia é dia santo
És santa todos os dias
Tens nos olhos a Magia
No rosto suave encanto
Teus braços são acalanto
Teu colo pluma macia
Tuas mãos acariciam
Meu corpo na madrugada
Falamos sem dizer nada
Confundimos nossas bocas
Embaralhamos as roupas
A desatar nossos laços
Combinamos um abraço
No perfume do teu leito
Ancorado no teu peito
Nos teus lábios suculentos
Que roubam meus pensamentos
Sorriso de feiticeira
À noite mulher faceira
De dia manda na casa
Consciente que arrasa
Camarada, companheira
Madura cheia de prosa
Combatente, generosa
Nem sei se mereço tanto
Teus cuidados, teu encanto
Minha sombra minha vida
Minha alma prometida
És a tela no cinema
A dona do meu poema
Sem ti, sou pedra perdida!!!

METADE


Metade do que sonhamos
Não acontece de fato
Metade vira concreto
Metade fica no prato
De fato é só um sonho
Vira nuvem de fumaça
Vagueia no abstrato
Não olha por onde passa
Metade que mora longe
Não sabe do meu lamento
É sonho que me consome
Metade que eu invento
Outra metade do mundo
Não acha sua metade
Metade se desencontra
Outra vive de saudade
Metade que me navega
Ancora no meu veleiro
Me toma de sobressalto
Na pedra do marinheiro
Metade, minha metade
És o meu sonho de fato
Causa da minha procura
O outro pé do sapato
O espaço na moldura
Metade do meu retrato!!!