sexta-feira, 28 de maio de 2010

BOTEI TUDO NUM BALAIO


Começou de brincadeira
Um rabisco no papel
VELHO ZECA generoso
Me chamou de Bachareu
Atirei pra todo lado
Comecei no PÉ QUEBRADO
Termino neste Cordel
II
Enderecei uma CARTA
Pra MULHER DA MINHA CASA
Meu BEM-QUERER ficou triste
Meu peito ficou em brasa
Pois na BRIGA DE CASAL
Todo mundo passa mal
Só complica, só atrasa
III
Tomei CHUVA no roçado
Subi no TAMARINEIRO
Cavalguei no ARCO-ÍRIS
UM AMOR DE JANGADEIRO
Esbarrei nos OLHOS DELA
Tendo como sentinela
MEU AMIGO CAJUEIRO
IV
Tive um AMOR DESCUIDADO
Bastardo, FORA DA LEI
Amei de TODAS AS FORMAS
Na PROCURA me achei
A ESPERA calejada
A ESPERANÇA SURRADA
MEMÓRIA que deletei
V
Cochilei na CASA VELHA
Nos arredores da CRUZ
Vi o BRILHO DAS ESTRELAS
Um SENTIMENTO de luz
Não tive MEDO DA NOITE
Pois o VENTO de açoite
É o sopro de Jesus
VI
Fiz um SONETO PRA DOR
Com muita SIMPLICIDADE
Fiz SONETO PRA FADIGA
Pra DONA FELICIDADE
Quis fazer uma canção
Que fale do coração
Mas ficou pela METADE
VII
Fui de TREM pra MINHA TERRA
Feito um AMOR DE RAIZ
Me lembrei do ESTRUPICIO
Da Maria Infeliz
A MUSA do cabaré
Só ela sabe O QUE É
A vida de meretriz
VIII
Já tive AMORES DISTANTES
AMOR MADURO sereno
BELEZA se fez OCULTA
DESEJO virou veneno
Apeei do MEU CAVALO
O PÉ jazia de calo
Sapato ficou pequeno
IX
Lembrei do PRINCIPIANTE
Do ROCEIRO ENCABULADO
Do CIGANO forasteiro
Do POETA injuriado
Do FEIRANTE de mau gosto
Que nem a MULHER SEM ROSTO
Ficaria do seu lado
X
Retratei a FARINHADA
No RETRATO que sabia
Fiz versos pra NAZARÉ
Amiga de VALENTIA
Que não pregava o olho
Na tramela do ferrolho
Quando o magrelo sumia
XI
Falei como PAPAGAIO
Tenho PRESSA DE CHEGAR
Vou fazer a PESCARIA
Se O TREM não atrasar
Escrevi pra DONA TONIA
Pra fazer muita pamonha
No inverno eu chego lá
XII
ZERO HORA vou embora
Tenho UM SONHO pra sonhar
O RELÓGIO não ESPERA
MESMO QUE vá devagar
Desço na PRÓXIMA ESTAÇÃO
BOTÃO DE ROSA na mão
Pra quem for me esperar!!!

3 comentários:

  1. Caro companheiro,
    abraços!

    Sinto-me imensamente feliz de partilhar da musicalidade que encarta estas prosas tuas, a feitura com que as palavras são engatadas prende-nos de forma tal, que quase é impossível de não continuar lendo. Parabéns pelo talento, sou fã dos escritos de teu velho Pai - Zeca Muniz, e, agora também teu...
    Quando tenho uns lampejos de poeta, gosto também de enaltecer as passagens de minha infância, não como forma de saudosismo, mas um registro daquilo que vivi de forma saudável e, que hoje, esta geração não tem oportunidade, perdida que está nas teias perigosas do cyber espaço, presa fácil aos aracnídeos do descaminho. Bom era noutros tempos ainda recentes, em que o lúdico tinha interdisciplinaridade e o contato real que moldou o caráter que hoje temos!
    Um abraço a ti, felicidades AMIGO!

    Paulo Roberlando da Silva Ribeiro

    ResponderExcluir
  2. Muitíssimo obrigado caro amigo, em julho próximo estarei por aí. Gostaria de encontrá-lo pra trocarmos umas figurinhas. Ví alguns dos seus textos e, me surpreendí, não tinha ideia do seu talento. Abraço grande!!

    ResponderExcluir
  3. Pelo jeito você gostou do novo estilo...ficou boa - a balaida. Beijo.

    ResponderExcluir